sábado, 15 de novembro de 2008

Igualdade, solidariedade e dúvidas.

Quero vê-los desfocados
quase iguais
como vejo com olhos fechados

Não toco em nada
para manter igualdade
mas por que ajudá-los?

Penso nisso
Pensa nisso
Somos o bem ou o mal?

Quase sempre
o pensamento
diz

Ajudar
é ser
ajudado

domingo, 21 de setembro de 2008

Sentir.

Olha lá!
Vento.
Não vejo.
Ondas se quebram.

Ali do lado daqueles pombos...
Pipocas estalam na boca.
Não, não vejo nada.
Zíper corre.

Preciso ir.
Os dedos sentem o cabelo.
Fica.
Textura da calça jeans.

Tenho muito trabalho hoje...
Áspero banco.
Ouça: eu te amo!
macia almofada os lábios.

(Leo Saoli, Rio de Janeiro, 22.09.08)

sábado, 2 de agosto de 2008

Três doses...

Vi três jeitos dela perceber quem sou.
no ato, no terceiro, fechei os olhos.

Percebi três sopros balançar meu corpo
De fato, no terceiro, o chão subiu

Lembrei três doses viradas no dia, ou na noite
Que sorte, na terceira, sei lá, o resto esqueci

sábado, 26 de julho de 2008

Ônus do amor

Tenho um amor
Um amor que existe
Existe sem querer
Mas quero

Sabe onde ele fica
fica perto da fronteira
Fronteira de intenso conflito
Conflito: amor e depressão

Entenda isso
Isso que eu digo
Digo não poder escolher
Escolha do coração

Penso como seria
Calmo seria, tranquilo viver
Sem espera, sem aperto
Aperto no peito

Choro, preocupação
Dor ou desespero
Talvez a perfeição,
Perfeição sem tudo isso

Emoção...
não, talvez não
É sim
o ônus do amor

domingo, 29 de junho de 2008

Inclinações na calçada

A vitória veio,
saudade do caminho
Olhe as pedras,
adversárias leais

Enquanto andava, via a dor,
Impaciência, ouvia gritos
Enquanto a dor em mim gritava,
Companheira

Lembro-me bem
era bom correr
A visão nem tudo percebia
Ruas lisas

Um dia, de repente
inclinações na calçada
buracos escadas
percebia sem fim

Percebo hoje
o que não via tempos atrás
Só não vejo por que a luz me deixou
Mas sinto muito...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Opção pela razão

Opção pela razão.
Possível ver diferença em tudo é, sentido quase sempre trairá.
Dolorido mais será quando não ouvi-lo, tormento e sofrimento.
Enxergo a contradição, entendo equivocada decisão
Mas não sei sair dela, prefiro seguir assim
Sofrendo muito quando o sentido parecer irracional
Sofrendo menos quando errar seguindo-o

A noite sabe o quanto precisa dela e nunca virá pela manhã
A seca entende não ter culpa e sempre existirá quando propício
A pedra sabe ser dura e que a água se amolda a qualquer situação
Tem pessoas de pedra, tem pessoas d’água.
Não, errado, todos têm água e pedra em si.

Vastos verdes flertes fortes vidros doces d’aguas frescas
Céu sem gosto torço fosco espelho negro de flores murchas
Teto ermo trato mau trato chuva grossa resvalou
Terra magra sol sem casca todos sujos ossos fracos

Paz sem olhos pá de espinhos doce azul doce veneno
Tudo e tudo não diz nada cala-se imundo como tudo aqui
Chego cedo vou-me tarde entro ajoelhado saiu de barriga
Quem não prende foge quem simula trai quem não vê não vê

Vai vai sem medo não quero ser o que tu és
Entende errado entende mesmo só me deixe em silêncio
Silêncio é tudo e vazio, solidão não é tudo, é confuso saber
Quando foi que descobri isso, que ninguém é santo
Nem você

terça-feira, 6 de maio de 2008

Penso sim

Penso numa estrada

Penso em tudo

Chego a pensar na vida

No futuro


Penso no dia em que vi você sem querer

Nas mentiras que contei, inclusive esta:

Sempre quis vê-la nunca sem querer.


Penso numa árvore

Lá em cima na colina

Chego a pensar numa casa

Penso mesmo


Penso nas coisas que você me disse

Não concordei na hora, não pude

Sempre senti fraqueza quando decifravas as minhas indecisões


Penso na sua boca

No seu lábio, no conforto, na paz

Chego a pensar em não pensar em nada

Penso sim


Dor

Causador

Ferida aberta

Libera a dor

Causa dor pensar!


Limpador

Chamada as pressas

Seca sangue

Limpa a dor, chega!


Ensina a sentir o cheiro

Das canções, assobios

Trazidas pelo mar

Traz o mar saudade!


Ensina a fazer chuva

O coração queima

de ouvir olhar, escuro

tudo em volta só te vejo


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Espelho senil.

Vejo,
Vejo algo forçado nos gestos,
Certo,
Não devia acender a luz.

Penso,
Acho pensar igual a você,
Ajo..
Diferente pra tentar ser assim.

Mas,
por que você me persegue,
Por quê...
Gestos, por que segue meus gestos,
por que...

Errado,
E se errado eles estiverem,
os meus...
e se acaso um sorriso for falso,
e se for...

Sabe,
não sente nada por dentro.
É por isso
que te peço, me deixe em paz.

Chega,
Existe apenas quando acendo a luz.
Escuridão,
Só fala por um de nós dois,
só um...

Qual,
já que confundiu tudo agora
Que sei
que esse não é você,
mas quem sou...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Inocência da Silva

A tristeza
não acaba
quando cessam as lágrimas

Um sorriso
não é tão verdade
quanto gargalhadas

Não há choro
que se explique
numa oração

Não há choro
que se explique
os animais não choram

Jurei
não contribuir
pra tristeza do mundo

E nunca mais
por minha causa
iriam chorar

Mas há choro
de mentira
choro profundo

E crianças
se afogaram
na pureza do mar

Por que chora
agora
se não chove lá fora

Por que chove
embora
o choro cessou

Por que ora
e não sabe
onde mora a senhora

Por que mora
perdeu
a hora do vôo

Palavras de vidro
eu vi
se quebrar

e um choro perdido
senti
bem de perto

Uns cacos
bem finos
feriram meus pés

Um passo
difícil
de se controlar

Acredita
então
que protestam as lágrimas

Quando saem
de olhos
que não mereciam

Falsidade está entre
o que pensa
e o que externa

Acredita
então
que ninguém seja assim

E digo
agora
que isso é coisa da Terra

A lágrima
cessa
quando chega aqui

E se nessa hora
parece
sem graça

Olhando
daqui:
te aguardam as gargalhadas

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Nossos traços ficaram mais firmes.

Atravessei a rua atento,
ao trânsito, ao tempo...
Listras e faixas.

Pessoas de todas as formas,
andando, correndo...
Lutas e lutas.

Avistei seu corpo inteiro,
olhos, sorrisos...
Passos e passos.

Desenhei à lápis seu jeito,
humor, inteligência...
Carinhos e música.

Nossos traços ficaram mais firmes,
letras, formas...
Voltas e voltas.

Imaginação nos fez felizes,
Preocupados, observadores...
Mundos e mundos.

Bosques se queimando, tristes
galhos, fauna...
Rio de lágrimas.

Morte e vida sem sentido,
direção ou diferença...
Tristes juntos.

Nossos traços ficaram mais firmes,
Choro, dúvida...
Eu, você.

O papel parecia viver,
sonhos, loucura...
molhou e voou.